UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE BELAS ARTES
MESTRADO EM ARTES VISUAIS
Rua Araújo Pinho, nº 212 - Canela - Salvador - Bahia
Telefax: (71) 32474247/4706- e-mail: mesarte@ufba.br
ESTÉTICA URBANA – EBA 541 –Segundas de 18 às 21hs (sala 15)
(disciplina optativa, MAV/EBA, PPG-AU/FAUFBA, PPG-DANÇA, 4 créditos, 10 vagas para cada Programa)
Profª Fabiana Dultra Britto – PPG-Dança
Profª Paola Berenstein Jacques – PPG-AU - MAV/EBA
TEMA 2008.2 –CANTEIRO CORPOCIDADE
Objetivos e dinâmica:
Promover uma ampla discussão acerca das diferentes relações possíveis entre Corpo e Cidade buscando exemplificar, através deste tema, a multiplicidade e complexidade do campo da Estética Urbana. A proposta neste semestre é de se criar numa dinâmica laboratorial de experimentação de hipóteses acerca dos modos como se articulam essas noções de Corpo e Cidade em diferentes campos do conhecimento e, em particular, nos campos das artes visuais, dança, arquitetura e urbanismo, tomando o evento CORPOCIDADE: debates em estética urbana 1 como princípio organizador dos trabalhos. A partir dos agenciamentos propostos pelas ementas de cada uma das 4 Sessões Temáticas do CORPOCIDADE, burcar-se-á uma construção coletiva (laboratórios) de outros agenciamentos teóricos possíveis, a partir dos debates e bibliografia trabalhados. Numa outra etapa, os novos agenciamentos formulados como resultantes dos laboratórios de cada ST deverão ser apresentados em seminários que explorem diferentes formatos de configuração dos agenciamentos.
O interesse principal da dinâmica escolhida para o curso está tanto na construção de uma fundamentação teórica que possa ir além de idéias já naturalizadas em cada um dos campos de conhecimento envolvidos no tema da Estética Urbana, quanto na possibilidade de pesquisadores (mestrandos ou doutorandos) desses campos, experimentarem a construção coletiva de agenciamentos como exercício criativo de convivência não-pacificadora entre suas diferenças.
Questões :
Ementas das sessões temáticas do CORPOCIDADE: debates em estética urbana 1
ST1 - Cidade Imaterial
Colocar-se-á em questão a hipertrofia da dimensão material e visual na compreensão do conceito de "cidade", que continua a ignorar indivíduos ou grupos e a diversidade de suas histórias, memórias e experiências de vida coletiva. Pretende-se discutir como a banalização de elogios ou condenações implícitas em expressões que vêm sendo invocadas hoje - como "cidades genéricas", "cidades partidas", "cidades em trânsito", "cidades sem limites"- não são inocentes e negligenciam que as cidades são construções plurais, ao mesmo tempo materiais, imateriais, mas, sobretudo, "encarnadas", feitas, portanto, de subjetividades, percepções, expectativas, alianças, conflitos que elaboram a própria tessitura social, política e cultural em seu modo mais banal, cotidiano e dinâmico de ação. Espera-se enfatizar a discussão de situações de nomadismos, exilios, hibridismos ou mestiçagens capazes de chamar a atenção para a diversidade de "cidades" que sempre estiveram presentes na experiência citadina, autorizando expressões culturais -arquitetônicas, urbanisticas, artísticas - que desloquem a pregnância de um conceito material, construído, visível e fechado de cidade que já demonstrou seus limites e as exclusões que acarreta.
ST2 - A cidade como campo ampliado da arte
Discutir a cidade como situação da ampliação do campo artístico. O investimento de diferentes tipos de ações de artistas nas últimas décadas vem estabelecendo uma nova cartografia simbólica da arte na qual se tecem nexos com as situações históricas, políticas e sociais, bem como com o fluxo de significações de sua presença no mundo. A relação com a cidade indica, assim, a busca de uma economia de inserção da arte nas sociedades e no mundo, redefinindo a função, o papel e mesmo o que seria próprio à arte nas atuais circunstâncias.
ST3 - Corpografias Urbanas
Explorar o campo de possibilidades das relações entre corpo e cidade pensando-as como um processo de formulação de um ambiente e o ambiente como conjunto de condições para a continuidade desse processo. Corpo e cidade se relacionam, mesmo que involuntariamente, através de toda e qualquer experiência urbana. A cidade é lida pelo corpo como conjunto de condições interativas e o corpo expressa a síntese dessa interação descrevendo em sua corporalidade, o que pode-se chamar de corpografia urbana. Investigar as cartografias realizadas pelo e no corpo como registros corporais das experiências urbanas, compreender espaços urbanos através de configurações corporais, pensar a cidade como fenótipo extendido do corpo.
ST4 - Modos de subjetivação na cidade
Como entender os modos de subjetivação do indivíduo contemporâneo na cidade? Uma cidade, já sabemos, é mais que um simples lugar, é mais que um cenário, transcende o palco. A cidade é a possibilidade do individuo ser: quanto mais ela é introjetada no plano familiar, íntimo, pessoal, quanto mais ela parece estruturar o indivíduo no plano familiar, tanto mais ela compõe, de fato, o ser urbano. Ora quem pensa cidade não escapa ao ‘socius’ e se vê diante da urbanidade: o verdadeiro ‘ethos’ de uma cidade. Mas o ‘ethos’ de uma cidade, como as Flores do Mal, de Baudelaire, não brota naturalmente no asfalto, não há Natureza capaz de tal proeza. Ao contrario, é preciso semear nesse asfalto para que flores urbanas nasçam. O que queremos saber, então, é que tipo de flores andam sendo semeadas em chão urbano? Mais ainda, a que cheiram? Ainda mais, quem todavia as colhe?Trata-se, portanto de refletir/experimentar as derivas urbanas do corpo contemporâneo em torno das novas formas de urbanidade, inclusive aquelas capazes de negar a própria cidade. Teríamos o quê, então? Um corpo sem urbanidade, logo, sem cidade, cujo modo de subjetivação escapa completamente ao chão que o pariu? Qual seria então a equação? Tal corpo, qual cidade? Ou o seu inverso?
Dinâmica :
O curso propõe uma dinâmica laboratorial baseada em estudos críticos de textos selecionados, cujas discussões derivadas serão o canteiro de obras para a estruturação de laboratórios de articulação conceitual e formulação de outros agenciamentos para as discussões travadas no canteiro de obras, baseados nas diferenças entre os campos Arquitetura, Dança e Artes Plásticas, a serem apresentados em seminários.
Estrutura:
- canteiros de obra: agenciamentos para os laboratórios - apresentação das ementas das STs do CORPOCIDADE e discussões dos artigos da revista [dobra] e outros textos selecionados;
- laboratórios: experiência de articulação entre as ementas das STs e textos discutidos para propor outros agenciamentos a partir das diferenças de abordagem entre os campos de conhecimento representados nos grupos;
- seminários: apresentação dos novos agenciamentos resultantes dos laboratórios, explorando diferentes formatos de configuração.